Representantes da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) estiveram em Boa Vista na quarta-feira (7) para cumprir agenda e prestar auxílio à zeladora de 32 anos autuada por furto ao comer o chocolate do delegado corregedor da Polícia Federal em Roraima, Agostinho Cascardo.
A mulher trabalha para uma empresa que presta serviços à PF no estado e foi afastada da função a pedido de Cascardo. Há oito dias, ela comeu um chocolate que estava em cima da mesa do delegado quando limpava a sala onde ele trabalha e foi flagrada por câmeras do ambiente.
Ainda na quarta-feira, a assessoria de comunicação da Polícia Federal negou a autuação em flagrante por furto da zeladora e afirmou que houve apenas uma `notícia-crime`, embora tenha admitido na segunda-feira (5) que a servidora havia sido autuada e o caso enviado ao Ministério Público Federal (MPF-RR).
De acordo com Adair Ferreira, diretor jurídico da Fenapef, há uma ‘comoção’ de policiais federais pelo caso da faxineira. A zeladora diz ter prestado depoimento por pouco mais de uma hora acompanhada de policiais em uma sala. A federação decidiu investigar a situação.
“Escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal estão comovidos com a situação envolvendo essa zeladora. Consideramos um abuso de autoridade o que ocorreu com ela. E isso vem acontecendo com servidores na PF. Temos denunciado esse assédio moral. O caso dela reforça o que já acontece na corporação há muito tempo”, declara Ferreira.
Ele disse que a federação pretende dar apoio jurídico à zeladora não só para situação funcional, mas também no âmbito da Justiça Trabalhista. O caso será levado para Brasília.
“Nós pretendemos fazer uma representação à Corregedoria-Geral da PF e ao Ministério da Justiça. Alegaremos que este caso comprometeu a imagem da Polícia Federal, causando escândalo. Temos uma tipificação nossa de regime disciplinar para isso. Estamos colhendo provas porque há indícios de improbidade administrativa, em razão de a estrutura do órgão ter sido usada para atender interesse pessoal [do delegado]”, explica o diretor jurídico.
Segundo ele, a representação por improbidade administrativa na Procuradoria-Geral da República em Brasília será feita em breve. “Vamos pedir ainda ao ministro da Justiça que promova a apuração no próprio Ministério, tendo em vista que o corregedor regional [Cascardo] está envolvido nos fatos”, pontua.
Fonte: G1