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13/07/2016

Mais da metade dos líderes no Congresso têm ocorrências judiciais

Mais da metade dos políticos escolhidos como líderes de bancadas no Congresso (21 de 39 parlamentares) têm ocorrências judiciais, incluindo nesta conta condenações, processos em andamento e inquéritos em que os parlamentares são investigados.

UOL pesquisou na Justiça os casos de todos os líderes de partidos, da oposição e do governo na Câmara e no Senado. Dos 26 líderes na Câmara, pelo menos 12 têm ocorrências no Judiciário. No Senado, pelo menos nove têm ocorrências de um total de 13 parlamentares na liderança. Ou seja, 53,8% líderes de bancadas no Congresso têm pendências judiciais.

Entre as acusações contra os políticos, estão tentativa de homicídio, corrupção e formação de quadrilha. Há casos também de ex-governadores cassados, de multados por tribunais de contas e de condenações na Justiça Eleitoral.

O levantamento foi feito com base em dados dos tribunais e da ONG (organização não governamental) Transparência Brasil. A reportagem do UOL levou em consideração os líderes de partidos com mais de um representante em cada uma das Casas, além de líderes do governo e da oposição.

Em resposta ao UOLos parlamentares negaram irregularidades, questionaram mérito de condenações e disseram que aguardam confiantes as decisões da Justiça. Alguns também se disseram "perseguidos". Todas as assessorias de imprensa dos parlamentares foram procuradas e tiveram oportunidade e tempo para se pronunciar. A reportagem encaminhou um pedido de resposta por e-mail em dois momentos diferentes, com prazo de uma semana entre as comunicações.

Ocorrências na Câmara

 

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O líder do governo, André Moura (PSC-SE)

O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), é réu em três ações penais no STF (Supremo Tribunal Federal) e investigado em outros três inquéritos --um deles que apura uma tentativa de homicídio. As ações em que ele já se tornou réu se referem ao período em que era prefeito de Pirambu (SE) e citam desvio de verbas e pagamento pela prefeitura de contas de celular de familiares do então prefeito.

 

Moura também foi alvo de duas ações civis públicas ingressadas pelo MP (Ministério Público) de Sergipe. Em uma delas, foi condenado por improbidade administrativa em primeira e segunda instâncias e recorreu no STJ (Superior Tribunal de Justiça). O processo está aguardando o voto da relatora Assusete Magalhães desde setembro de 2015. Em 2014, também foi multado pelo TCU (Tribunal de Contas da União). A assessoria do parlamentar confirmou o recebimento dos pedidos de resposta nos dias 14 e 21 de junho, mas não respondeu os questionamentos da reportagem.

 

Wilton Júnior/Estadão Conteúdo
Weverton Rocha é líder do PDT na Câmara

Líder do PDT, Weverton Rocha (MA) é réu em uma ação e investigado em dois outros processos no STF por crimes na Lei de Licitação, além de acusações de peculato (crime de desvio de dinheiro por funcionário público) e corrupção. Também é réu em duas ações no TRF (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e no TJ (Tribunal de Justiça) do Maranhão por crimes de administração pública com dano ao erário. Ex-secretário de Estado do governador Jackson Lago (PDT-MA), Rocha alegou que foi alvo de perseguição quando Roseana Sarney (PMDB) assumiu o governo. Também disse crer que será inocentado nos demais processos por não ter cometido irregularidades.

 

 

Diógenes Santos - 1º.out.2010/Agência Câmara
Aelton Freitas, líder do PR

Aelton Freitas (PR-MG), líder do PR, tem 11 ações civis públicas ingressas pelo MP mineiro, entre 2012 e 2013, por prática de suposta improbidade administrativa durante mandato como prefeito de Iturama (MG). No TCE (Tribunal de Contas do Estado), foi multado por irregularidades referentes a despesas da Prefeitura de Iturama no exercício de 1994 e a procedimentos licitatórios e contratos da prefeitura de Iturama em 1996. Aelton Freitas informou apenas que "não comenta ações judiciais em andamento".

 

 

Alan Marques/Folhapress
O deputado federal Júnior Marreca, líder do PEN

O deputado Júnior Marreca (PEN-MA) é réu em ação penal no STF por uso irregular de verbas. Também tem oito ações recebidas pelo TJ maranhense em 2012, quando era prefeito de Itapecuru-Mirim (MA). É réu em ação no TRF-1 por violação aos princípios administrativos. Em 2012, foi multado pelo TCU por falha de publicidade na licitação. O deputado negou irregularidades, disse que não há condenações e que realizou, à frente da prefeitura, uma gestão "participativa, transparente e proba".

 

 

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O deputado Luis Tibé é líder do PTdoB

O deputado Luis Tibé (PTdoB-MG) é investigado em três inquéritos no STF. Em um deles, de 2013 e que apenas aguarda o voto do relator, responde por concussão (ato de exigir para si ou para outra pessoa, dinheiro ou vantagem em razão da função) e peculato. Além disso, há dois outros que analisam supostos crimes eleitorais. Quando vereador de Belo Horizonte, foi condenado a pagar multa e restituir o erário por uso irregular da verba indenizatória. O processo é de 2011 e está em grau de recurso no TJ-MG. O deputado diz que aguarda o arquivamento dos processos no STF. Já sobre as verbas da Câmara, diz que todos os vereadores foram processados e que não houve ato direto dele.

 

 

Bruno Poletti/Folhapress
O líder do PMDB na Câmara é o deputado Baleia Rossi

Ex-vereador de Ribeirão Preto (SP) e líder do PMDB na Câmara, o deputado Baleia Rossi (PMDB-SP) também foi condenado, com outros parlamentares, a devolver verbas do Legislativo recebidas indevidamente. Ainda responde a ações civis pelo mesmo motivo. O deputado diz que o então vereador não era integrante da mesa diretora e recebeu as verbas compulsoriamente. Ele optou por devolver os recursos após julgamento do caso, apesar de outros vereadores terem recorrido da decisão que os condenou.

 

 

Zeca Ribeiro/Agência Câmara
Feliciano é líder do PSC na Câmara

Outro com problemas judiciais é Marco Feliciano (PSC-SP). Ele é alvo de inquérito que apura irregularidades na contratação pela Câmara de cinco pastores da igreja Catedral do Avivamento --fundada pelo parlamentar. Eles não atuariam na assessoria do parlamentar, como é obrigatório.

 

Também responde a ação por dano moral da ONG Abcds (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual). Em 2014, teve contas reprovadas, mas que não impediram sua diplomação. A assessoria do deputado informou, no dia 14 de junho, que responderia aos questionamentos, mas não o fez até a publicação da reportagem. Ao "Congresso em Foco", disse que as acuações são infundadas e que todos os assessores nomeados por ele realizam "hercúleo trabalho".

 

Divulgação
Líder do PSL, Alfredo Kaefer foi eleito pelo Paraná

O deputado Alfredo Kaefer (PSL-PR) é réu em ação penal no STF por crimes contra o sistema financeiro e formação de quadrilha. Há dois inquéritos em andamento, também no STF, que apuram crimes contra o patrimônio público e contra a ordem tributária. O deputado também também foi procurado por duas vezes, nos dias 14 e 30 de junho, mas não respondeu aos questionamentos doUOL.

 

 

Divulgação
Genecias Noronha é o líder do Solidariedade na Câmara

O deputado Genecias Noronha (CE), líder do Solidariedade, foi condenado pelo TJ do Ceará pela doação de um imóvel público "para servir a interesses particulares, que causou prejuízo ao erário e ofendeu os princípios da Administração Pública", segundo trecho da sentença. O deputado recorre da decisão monocrática do desembargador Raimundo Nonato Silva Santos, de 2015. Genecias alegou ao UOLque está provado que a doação "se deu de forma legal e visando atender ao interesse público".

 

 

Agência Câmara
O líder do PP é Aguinaldo Ribeiro

O líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), é alvo de inquérito da Operação Lava Jato, que investiga crimes como corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Também é alvo de inquérito de 2011 que apura crimes previstos na Lei de Licitações. A assessoria do parlamentar confirmou recebimento do e-mail, nos dias 14 e 21 de junho, mas não enviou resposta ao UOL.

 

 

Divulgação
Deputado federal Daniel Gomes de Almeida, do PCdoB da Bahia

O deputado Daniel Gomes de Almeida (PCdoB-BA) teve prestação de contas das eleições de 2010 reprovada pela Justiça Eleitoral. Como líder do PCdoB na Bahia, também acabou responsabilizado por contas reprovadas de 1999, 2000 e 2012 --esta última ainda em trâmite. O parlamentar diz que as condenações ocorreram por "questões documentais" e que em "nada ferem a conduta ética do mandato".

 

 

Pedro Ladeira/Folhapress
Rogério Rosso é líder do PSD

Presidente da comissão do impeachment na Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF) foi indiciado em inquérito eleitoral em 2012, com a deputada distrital Liliane Maria Roriz. Ele alega que não era candidato e que não há nem sequer denúncia contra ele.

 

Casos no Senado

 

Wilton Jr./Estadão Conteúdo
Lindbergh Farias (PT-RJ) foi escolhido como líder da minoria no Senado

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/07/13/mais-da-metade-dos-lideres-no-congresso-tem-ocorrencias-judiciais.htm