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28/10/2016

Sergipe é o Estado mais violento do Brasil

O Brasil registrou mais mortes violentas de 2011 a 2015 do que a Síria, país em guerra, em igual período. Os dados, divulgados nesta sexta-feira, 28, são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Sergipe, com 57,3 mortes violentas intencionais a cada grupo de 100 mil pessoas, é o estado mais violento do Brasil, seguido por Alagoas (50,8 mortes para cada grupo de 100 mil) e o Rio Grande do Norte (48,6). Os estados que registraram as menores taxas de mortes violentas intencionais foram São Paulo (11,7 a cada 100 mil pessoas), Santa Catarina (14,3) e Roraima (18,2).

Conforme o anuário, no Brasil foram 278.839 ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial, entre os meses de janeiro de 2011 a dezembro de 2015, número maior que os registrados em países em guerra, frente a 256.124 mortes violentas na Síria, entre março de 2011 a dezembro de 2015, de acordo com o Observatório de Direitos Humanos da Síria.

“Enquanto o mundo está discutindo como evitar a tragédia que tem ocorrido em Alepo, em Damasco e várias outras cidades, no Brasil a gente faz de conta que o problema não existe. Ou, no fundo, a gente acha que é um problema menor. Estamos revelando que a gente teima em não assumi-lo como prioridade nacional”, destacou o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima.

As unidades da Federação que mais aumentaram o número de mortes violentas foram o Rio Grande do Norte (elevação de 39,1%), Amazonas (19,6%), e Sergipe (18,2%). Os que mais diminuíram foram Alagoas (queda de 20,8%), o Distrito Federal (-13%), e o Rio de Janeiro (-12,9%).
“Alagoas, estado que mais reduziu o número de mortes, é um caso muito interessante. É o único que tem um programa, em parceria inclusive com o governo federal, há alguns anos. Uma parceria que envolve não só a Força Nacional, mas outras dimensões de equipamentos. O estado que tem integração formal de diferentes entes da Federação é aquele que conseguiu reduzir com mais intensidade”, disse Lima.

De acordo com o diretor-presidente do fórum, a grande maioria dos oito estados que têm programas de redução de homicídios teve diminuição no número de mortes violentas: Alagoas (-20,8%), Bahia (-0,9%), Ceará (-9,2%), Distrito Federal (-13%), Espírito Santo (-10,7%), Pernambuco (+12,4%), Rio de Janeiro (-12,9%), e São Paulo (-11,4%).

Ataque à metodologia

A Secretaria de Estado da Segurança Pública se manifestou por meio de nota, questionando a metodologia utilizada na pesquisa. Conforme a nota, a metodologia entre os Estados “não obedece critérios e protocolos definidos”.  “Em Sergipe, a análise é rigorosa e definida por número de vítimas - e não por ocorrências, o que gera uma diferença considerável na comparação com outros estados”, comenta a nota.

Na nota, a SSP diz que a coleta em Sergipe é feita caso a caso e realizada diretamente no Instituto Médico Legal, com informações confrontadas de forma rigorosa. “Sergipe não ignora qualquer informação e não permite que haja pendências de dados que devem ser repassados periodicamente à Secretaria Nacional da Segurança Pública (Senasp)”, retrata a nota da SSP.

A SSP informa ainda que, em Sergipe, “boa parte da motivação dos homicídios é ligada ao tráfico de drogas”. Segundo a SSP, nos números avaliados em 2015, para cada dez vítimas de homicídios, oito estão envolvidas com crimes, sobretudo o tráfico. “Estes números são baseados em inquéritos policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Mesmo com a alta taxa de homicídios, o DHPP possui uma taxa de 43,6% de autoria dos inquéritos concluídos e enviados ao Poder Judiciário”, destaca um trecho da nota emitida pela SSP.

 

Fonte: http://www.infonet.com.br/noticias/cidade/ler.asp?id=192846