Na Operação La Muralla, deflagrada em novembro de 2015, a Polícia Federal (PF) já acompanhava a rixa entre integrantes da Família do Norte (FDN) e do Primeiro Comando da Capital (PCC). Havia, àquela época, “planos para o assassinato de todos os membros” da “organização criminosa paulista presos em Manaus”, conforme documentos obtidos pelo Estado.
“Pelo menos três das principais lideranças do PCC foram brutalmente assassinadas nos últimos meses pela FDN dentro do sistema”, registrou o relatório final das apurações.
A La Muralla foi um duro golpe na Família do Norte ao investir contra suas principais lideranças. Ao longo de seis meses de investigação, os policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Superintendência do Amazonas mapearam toda a estrutura da facção e cumpriram 127 mandados de prisão preventiva, 67 mandados de busca e apreensão, sete buscas em presídios estaduais, 68 medidas de sequestro de bens, além do bloqueio de ativos registrados em 173 CPFs e CNPJs ligados à FDN.
Aliança. Segundo o relatório final da operação, diversas mensagens interceptadas “deixam claro que a FDN tem uma forte relação ou aliança com o Comando Vermelho”, facção criminosa do Estado do Rio, e a rixa com “os membros do Primeiro Comando da Capital”.
O único obstáculo até então existente para evitar que a FDN colocasse em prática seu plano de matar os rivais do PCC, mostra a investigação dos policiais federais, era “o fato de todos os presidiários de Manaus que tinham vínculos com os referidos grupos criminosos estavam custodiados em ala própria no Centro de Detenção Provisória - CDPM, pavilhões 01 e 02, apelidados de ‘seguro’, sob forte proteção policial”.
Foi no seguro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) que a Família do Norte matou 56 presos entre anteontem e ontem.
Ainda de acordo com o relatório da PF, “não existe nenhuma relação de submissão da facção amazonense ao CV e/ou PCC, sendo este o grande diferencial da FDN em relação às demais organizações criminosas do Brasil”.