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21/07/2017

PF diz ao STF que Sarney, Jucá e Renan não obstruíram a Lava Jato

Polícia Federal concluiu que o ex-presidente José Sarney e os senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), caciques do PMDB, não tentaram obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Em relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os áudios entregues pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que gravou conversas com Sarney, Jucá e Renan, a PF sustenta que não há como comprovar o cometimento de crimes por parte do ex-presidente e dos senadores.

Nas reuniões com Machado – que fez delação premiada e ficou livre da prisão -, o tema predominante era o avanço da Lava Jato. Segundo a PF, “intenção” não é obstrução de Justiça. No relatório ao Supremo, a delegada Graziela Machado da Costa e Silva afirma que, em relação às gravações que comprovariam obstrução de Justiça, a delação premiada do ex-presidente da Transpetro é “ineficaz” e que ele “não merece” os benefícios do acordo fechado com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

“No que concerne ao objeto deste inquérito, a colaboração que embasou o presente pedido de instauração mostrou-se ineficaz, não apenas quanto à demonstração da existência dos crimes ventilados, bem como quanto aos próprios meios de prova ofertados, resumidos estes a diálogos gravados nos quais é presente o caráter instigador do colaborador quanto às falas que ora se incriminam, razão pela qual entende-se, desde a perspectiva da investigação criminal promovida pela Polícia Federal, não ser o colaborador merecedor, in casu, de benefícios processuais”, diz a delegada.

Com base na conclusão do inquérito da Polícia Federal, caberá ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidir se apresenta denúncia contra os peemedebistas ou arquiva a investigação.

‘Estancar a sangria’

Foi em uma das conversas gravadas por Sérgio Machado que Romero Jucá deu a famosa declaração de que seria preciso aprovar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) para “estancar a sangria” da classe política na Lava Jato e “delimitar” a operação “onde está”.  “Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. […] Tem que ser política, advogado não encontra…. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse o peemedebista.

A conversa entre Jucá e Machado ocorreu semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados. Confrontado com os trechos, Romero Jucá explicou que estava se referindo a “estancar a paralisia do Brasil, a sangria da economia e do desemprego”. As gravações levaram o senador a deixar o Ministério do Planejamento do governo de Michel Temer apenas doze dias após a posse.

Fonte: http://veja.abril.com.br/politica/pf-diz-ao-stf-que-sarney-juca-e-renan-nao-obstruiram-a-lava-jato/