Os policiais federais Edimar Moraes e Marcel Pellegrini lançaram no início deste mês o livro intitulado “Tiro de Combate: Pistola – Fundamentos e Habilidades”. O livro é voltado para os profissionais de segurança pública e foi fruto de um trabalho de muita pesquisa e experiência dos dois autores que são instrutores de tiro.
A obra apresenta aos leitores técnicas modernas, métodos de treinamento eficazes e de baixo custo, sempre com o foco na segurança. Outro tema abordado pelos autores é uma discussão sobre o porte de arma para cidadãos comuns. Os autores também colocam em discussão a questão do desarmamento no Brasil.
O Sindicato dos Policiais Federais de Minas Gerais (Sinpef/MG) entrevisou o agente da PF, Edimar Moraes, para falar um pouco da sua experiência na construção do livro e para contar também como foi sua trajetória profissional durante os 10 anos de atuação no Comando de Operações Táticas (COT). Acompanhe:
Como surgiu a ideia de transformar em livro esse tema?
A ideia partiu do Marcel. Ele percebeu que existe uma carência de material que trate desse tema no Brasil. Pelo fato de termos uma formação parecida, compartilharmos as mesmas opiniões sobre o assunto e sermos amigos, ele me convidou para o projeto. Não conseguimos localizar nenhum livro escrito no Brasil que tratasse sobre técnicas de tiro. Aliando isso à crescente discussão sobre o direito de o cidadão comum portar ou possuir armas de fogo, resolvemos escrever este livro, no qual apresentamos, além de técnicas de tiro com pistola, nossas opiniões sobre temas como desarmamento e o direito ao porte de armas pelo cidadão comum.
Como foi escrever o livro em parceria com o colega de profissão, o agente da PF Marcel Pellegrini?
Foi muito bom trabalhar com o Marcel. Ele foi a força motriz que conduziu o projeto. Eu me ocupei mais do desenvolvimento das ideias, da parte criativa. Nós nos reuníamos, eu ia para o teclado e ele ficava ao meu lado. Nós discutíamos o que seria incluído no livro e eu cuidava de passar essas ideias para o papel. Alguns temas eu escrevi e, depois, apresentei para ele, mas, a maior parte do livro foi escrita com ele ao meu lado, corrigindo e dando ideias. Depois disso, toda a parte administrativa foi com ele, desde encontrar a editora até a diagramação.
Como iniciou sua carreira como instrutor de tiro? Quando você ingressou para o grupo de operações especiais e como tem sido essa experiência?
Comecei minha carreira de instrutor de tiro no COT (Comando de Operações Táticas), onde permaneci por 10 anos. Foi lá que comecei a me interessar pelo ensino das habilidades do tiro com arma de fogo. Sempre que surgia a oportunidade, me voluntariava para ministrar instruções de armamento e tiro. Não sei exatamente de onde surgiu essa vontade, uma vez que nunca havia tocado em uma arma de fogo até ingressar na ANP (Academia Nacional de Polícia).
Porém, assim que comecei a utilizar armas de fogo, me apaixonei pelo tema. Com o tempo, surgiram oportunidades de especialização. Então fiz o Curso de Instrutor de Armamento e Tiro ministrado pelo SAT da ANP e tive a honra e o privilégio de ser um dos escolhidos para receber o treinamento fornecido pela TigerSwan para o DPF. A partir daí, segui estudando o tema, sempre pesquisando novas técnicas e métodos de treinamento. Quando surgiu a ideia do livro, porém, nós aprofundamos nossos estudos. Adquirimos vasto material didático estrangeiro e buscamos novos conhecimentos. A partir daí, compilamos as técnicas que julgamos serem as mais adequadas aos agentes de segurança e cidadãos interessados em aprimorar sua técnica de tiro com pistola. Também me interessei por programação neuromotora e busquei descobrir métodos de treinamento mais econômicos e eficientes.
Ser integrante do COT foi uma grande honra. Foram os dez melhores anos da minha vida. Devo muito ao COT. A amizade e o companheirismo que se experimenta num grupo comoesse é único. Isso sem falar nas missões, treinamentos e equipamentos que recebemos. A Polícia Federal tem o melhor grupo antiterrorismo da América Latina e um dos melhores do mundo, e não sou eu quem diz isso. Essa é a opinião dos instrutores e operadores estrangeiros com quem o COT já trabalhou. Este ano passei a integrar os quadros do GPI/SRMG e vou me esforçar para, dentro das minhas possibilidades e limitações, replicar esse nível de excelência aqui em Minas.
Qual a contribuição do livro para os agentes de segurança?
Cada instituição possui suas próprias técnicas de tiro. Embora elas sejam parecidas em muitos aspectos, existem diferenças. Respeitamos isso, porém, acredito ser importante apresentar novas técnicas que podem contribuir para o desenvolvimento das habilidades do tiro com armas de fogo daqueles que se sacrificam em defesa da nossa sociedade. Além disso, creio que uma grande contribuição desta obra para os agentes de segurança e para aqueles que já manejam armas de fogo com certa frequência é a apresentação de técnicas de treinamento modernas, de eficiência comprovada e, praticamente, sem custos. Treinamento em seco, treinamento com airsoft, ensaios mentais e programação neural são alguns dos temas que abordamos. Essas técnicas de treinamento são muito pouco conhecidas no Brasil, porém, têm eficiência comprovada e são utilizadas por diversos grupos especiais e atiradores de competição.
Fonte:
http://fenapef.org.br/policiais-federais-lancam-livro-sobre-fundamentos-e-habilidades-de-tiro-de-combate/