O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Antônio Boudens, e o vice-presidente, Flávio Werneck, participaram, nessa terça-feira (6), de audiência pública no Senado, com o tema “Democracia e direitos humanos, com foco em segurança pública”. Os dois representantes dos mais de 14 mil policiais federais em todo o Brasil falaram sobre a realidade da classe e da importância de uma reestruturação na área de segurança pública.
A sessão foi comandada pelo senador Paulo Paim (PT), que recebeu também representantes de outras polícias, como a Civil e a Militar, de ministérios e organizações do setor de segurança. O diretor Parlamentar da Fenapef, Marcos Firme, também esteve presente na audiência.
O presidente da Fenapef, que é agente da PF, comentou que é preciso investir mais em segurança pública. “A sociedade espera uma resposta. Por um lado, quer se sentir segura; por outro lado, quer deixar de lado a sensação de impunidade.” Para ele, o tema é, hoje, a maior preocupação da população brasileira.
Boudens ressaltou também a falta de investimento em capacitação. Ele citou, inclusive, que o Brasil perde para o Paraguai na resolução de homicídios. “Se nós não cuidarmos do bem maior, que é a vida, estamos indo para o caminho errado.”
A intervenção da Força Nacional no estado do Rio de Janeiro também esteve na pauta da sessão. Para Flávio Werneck, situações de crise geram oportunidades, mas é preciso cautela. “A intervenção no Rio é um analgésico. Se não houver mudança na estrutura do sistema, teremos que aumentar essa dose”, alertou.
Para ele, é preciso pensar uma estratégia a longo prazo. “Estamos caminhando para a falência do modelo de segurança pública. É preciso buscar boas práticas pelo mundo, senão não vamos evoluir nesse sentido.”
Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil é um dos países mais violentos do mundo. Em 2016, a taxa foi de 29,9 mortes a cada 100 mil habitantes – mais de 61,6 mil. A taxa de mortalidade também é grande entre os policiais. A chance de morrer é quase 22 vezes mais alta do que qualquer outro brasileiro. Nesse mesmo ano, mais de 400 policiais foram mortos em razão da função.
O desgaste físico e mental desses profissionais também está na lista. Mais de 90% do efetivo apresentou nível alto ou médio de estresse. Mais de 35% sofre de doenças mentais ou comportamentais. Segundo o estudo, 13% dos policiais são afastados, por ano, para tratamento de saúde.
Fonte: http://fenapef.org.br/fenapef-debate-seguranca-e-direitos-humanos-no-senado/