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09/03/2019

INVASÃO ESTRANGEIRA DA VENEZUELA, UMA IDEIA IRREAL

No 25 de fevereiro, antevendo que uma eventual invasão militar à Venezuela seria um ciclópico imbróglio continental, os governos do Grupo de Lima — entre os quais estão a Colômbia, o Brasil e o Chile — emitiram um comunicado no qual afirmaram que possuem a convicção de que “a transição para a democracia deve ser feita pelos próprios venezuelanos, pacificamente e no marco da Constituição e do Direito Internacional, respaldada por meios políticos e diplomáticos sem o uso da força”. A União Europeia também desaconselhou uma hipotética ação militar.

 

Maduro explora ativamente, enquanto isso, os rumores sobre uma invasão. Segundo a cientista política venezuelana Colette Capriles, o ditador usa o temor de um ataque internacional como fator de coesão nas Forças Armadas. “Não imagino marines desembarcando nas praias da Venezuela”, afirmou Rocío San Miguel, da ONG Controle Cidadão para a Segurança, a Defesa e as Forças Armadas Nacionais, em relação a uma hipotética invasão “clássica”. No entanto, ela acredita que os militares temem que ocorra uma “intervenção cirúrgica”.

Chávez e Maduro, nos últimos dez anos, compraram dos fornecedores russos fuzis, mísseis antitanques, tanques de guerra, sistemas antiaéreos, aviões de combate, helicópteros e material naval. Da China, importaram radares. No entanto, a experiência bélica venezuelana é mínima. A última vez que o Exército do país protagonizou combates relevantes foi ao interferir na Guerra dos Mil Dias (1899-1902), denominação de uma guerra civil na Colômbia.

Maduro imagina uma guerra contra os Estados Unidos há dois anos. Na época sustentou que, se os americanos tentassem um ataque “como na Normandia”, eles “se dariam mal”. Seu filho, Nicolás Maduro Guerra, flautista e constituinte conhecido como Madurito, afirmou que, se Trump invadisse a Venezuela, o Exército de seu pai revidaria. Na sequência, segundo Madurito, os venezuelanos, armados com fuzis, desembarcariam em Nova York e tomariam a Casa Branca (sic). A desinformação das tropas de Maduro sobre a localização da sede do governo americano daria, sem dúvida, uma vantagem tática aos EUA.

As acusações contra os EUA tomaram novas formas na última sexta-feira (08): desta vez, Maduro acusou os americanos de serem culpados por um apagão que atingiu a Venezuela e chamou seus apoiadores à rua. Guaidó também acionou seus seguidores, pedindo protestos "contra a escuridão".

Fonte: https://epoca.globo.com/invasao-estrangeira-da-venezuela-uma-ideia-irreal-23510583