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27/02/2020

Policiais Federais são contrários à divisão do Ministério da Justiça

A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) encaminhou ofício ao ministro da Justiça e Segurança Pública nessa terça-feira (19), com o resultado de uma enquete realizada entre os filiados sobre a eventual divisão da pasta. A pesquisa, realizada entre os dias 31 de janeiro e 14 de fevereiro perguntou: “Você acha que a criação do Ministério da Segurança Pública seria benéfica para os trabalhos da Polícia Federal?”, 67,50% dos entrevistados responderam NÃO e 32,5%, SIM.

O documento explica que a entidade, representante de mais de 90% dos policiais federais, costuma ouvir a categoria por meio de pesquisas, para aferir a opinião da maioria sobre os mais diversos assuntos. “Consultas, pesquisas, enquetes e votações virtuais são instrumentos democráticos utilizados sempre que surge um assunto que exige um posicionamento dos policiais federais”, diz o presidente da Fenapef, Luís Antônio Boudens.

A Fenapef realizou a enquete para medir a temperatura da categoria sobre o assunto no final do mês passado, quando ainda havia uma sequência de notícias sobre a possível divisão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

No documento entregue ao ministro, o presidente da Fenapef deseja que a gestão de Moro “se mantenha firme e com coragem para realizar as mudanças que a segurança pública do Brasil precisa, principalmente na falida estrutura de investigação e na democratização da evolução da carreira de polícia”.

Ciclo completo e carreira única

O ciclo completo de investigação e a entrada única na carreira policial são duas das principais bandeiras dos Policiais Federais. Para a Fenapef, esses dois itens são essenciais para que a segurança pública seja realmente efetiva, ágil e eficaz.

O objetivo é que o país consiga adotar um modelo de investigação em que o mesmo policial que atende a uma ocorrência de crime continue investigando até chegar à solução do caso. O ciclo completo é adotado por quase todos os países do mundo, exceto no Brasil e na Guiné Bissau.

A entrada única significa crescimento profissional do policial baseado em mérito e capacitação. Esse modelo já é adotado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). “A PRF seguiu a Constituição e se organizou em carreira, no singular, única e cargo único. Temos ali, a partir desta estruturação, um inegável avanço e hoje a Polícia Rodoviária Federal marcha a passos largos para ser a polícia mais moderna do Brasil. A pacificação e modernidade interna que isso trouxe fazem com que a PRF seja hoje uma referência internacional em termos de gestão, de ambiente interno e eles são uma polícia moderníssima”, defende Boudens.